quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Resenha: O Irmão Alemão

Resenha: O Irmão Alemão, de Chico Buarque
Agosto de 2015

De todos os livros de Chico que li, este foi o que menos me prendeu e agradou. O talento continua ali, a história é interessante, mas alguma coisa no seu estilo e ritmo próprios se perderam um pouco. Apesar de tudo, é um bom livro, e ainda não deixei de acreditar que o lugar de Chico é na ABL. Tanto seus livros quanto suas composições extremamente criativas, talentosas, inteligentes e cheias de personalidade merecem esse reconhecimento. Fora aquele humor sutil sempre presente, que me leva a imaginar cenas ironicamente insólitas e a dar risadas sozinha, no estilo:


"A vida não passa de uma longa perda de tudo o que amamos, disse Victor Hugo. E com as palavras do imortal francês pranteio, em nome da Academia Brasileira de Letras, o grande intelectual que ora nos deixa, professor Sergio de Hollander. Um assistente do orador puxa aplausos que não vingam, porque os presentes não podem abrir mão dos guarda-chuvas que mal os protegem do temporal."

Ou:

"Que dia é hoje?, ela me perguntava. Vinte e cinco de janeiro de 1973. Ainda? Já ia avançado o mês de agosto, mas eu retardava o calendário a fim de compensar sua ansiedade: e agora, que dia é? Ela estranhava que o tempo ultimamente andasse tão pesado, e de fato, lá em casa, 1973 levou alguns anos para passar."

Algumas passagens deliciosas, outras nem tanto. Chico parece ter perdido um pouco o fôlego nesta sua última obra. Espero de coração que ele retome seu ritmo e reencontre a força de seu estilo muito em breve.

Nenhum comentário:

Postar um comentário