terça-feira, 24 de novembro de 2015

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

"We are also what we have lost"

"All the people that I've lost—and I've lost a lot—I keep them with me. And it makes life that much happier. About six or seven years ago, I saw the perfect shirt for Fred, my late husband. I started paying for it before I even realized what I was doing. And then I bought it anyway. I just keep them all with me because life doesn't have to be so lonely. You know, if you shut everybody out just because they die, then what's it all for?"

__ Patti Smith: What I’ve Learned

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

“Mas as coisas estão tão esquisitas hoje em dia, que a gente anda ressabiado de dizer que gosta das pessoas. Então a gente inventa coisas, entende? A gente inventa que é tímido, e que não encontra jeito de dizer. A gente inventa que está ocupado e que um dia vai, sei lá, vai ter tempo de sentar e conversar. Aí, de repente você se toca que não tem mais nada pra ser feito. É tarde. Quer dizer, eu não acho que seja tarde porque as coisas não se acabam aqui. (...) Mas de qualquer forma é muito triste, as pessoas só saberem que a gente gosta delas depois que elas se foram.”

Pra que a semana nos seja mais leve, depois de tanta dor e tanta tragédia. Pra que a esperança nunca nos falte. Pra que a gente possa amar sempre, e cada vez mais. Pra que a gente um dia aprenda a fazer um mundo mais bonito, e mais humano. Pra que a gente não descubra tarde demais que o Paraíso tão esperado é responsabilidade nossa, e que a gente deve fazê-lo aqui. Agora. Pra que a gente ainda tenha tempo de olhar pro outro. E aprender a dizer que ama. 


domingo, 15 de novembro de 2015

"A shooting star only lasts a second, but... aren't you glad to at least have seen it?"
(The Disappearance of Eleanor Rigby: Them, Ned Benson, 2014)

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Ataque e retaliação não são meios inteligentes de "diálogo"

Tinha me decidido a ficar afastada da internet por uns três dias, cuidando de questões pessoais, mas depois das notícias que correram hoje, não consegui e não consigo ficar em silêncio. Desde o sábado está rolando algo que de minha parte reprovo completamente, e que segundo fontes que não sei se são confiáveis, partiu da página Dilma Bolada. Houve um boicote que acabou por retirar do ar páginas de conteúdo machista, entre outros, como a Orgulho de Ser Hétero. Acontece que intolerância gera mais intolerância, e todo ataque traz implícito algum tipo de retaliação. O que acontece é que estão trabalhando para retirar do ar, em massa, páginas alinhadas com a ideologia da página que deu início a essa confusão toda. Em especial páginas declaradamente feministas. Devo fazer cara de quem está surpresa com o resultado? Nessa "brincadeira" já foi a Jout Jout, as páginas Feminismo Sem Demagogia, Moça, Você é Machista e várias outras seguindo essa linha. E agora à noite acessei o Twitter e descobri que estão tentando fazer o mesmo com o blog da Lola Aronovich, o Escreva, Lola, Escreva, que acompanho desde o seu início. Lola diz, em seu blog, estar sendo ameaçada de morte, estupro e desmembramento, além de tudo. É óbvio que o meu lugar é do lado das feministas, tenho ideias absolutamente feministas desde que me conheço por gente. Apesar de reprovar certos radicalismos do movimento, como por exemplo procurar banir livros e filmes que sugiram a mais leve possibilidade de misoginia, sem levar em conta a época e o contexto social das obras em questão. Mas o que penso disso tudo é que parece que as guerras da pré-história e da Idade Média foram transportadas pro ambiente da internet. Se é pra regredir o cérebro e o comportamento, por que não adotam os tacapes como armas logo de uma vez, e voltam a usar gravetos secos pra fazer fogo? Ora, será que alguém neste mundo está pensando A SÉRIO que é assim que as coisas irão ser resolvidas? Como se estivéssemos num jardim de infância, como se jamais houvéssemos atingido a idade adulta, ou sido tocados por qualquer espécie de razão? Precisamos de um amplo espaço de discussão, em que todos estejam dispostos a falar suas verdades, suas opiniões, e a ouvir a opinião dos outros. É assim que a democracia funciona, mas parece que nossa sociedade se esqueceu disso. A internet é um excelente meio para se criar esse espaço de discussão, talvez o melhor dos veículos, um dos mais abrangentes. Mas ainda não aprendemos a utilizá-la a nosso favor, a retirar dela tudo de positivo que ela nos oferece. ATAQUE E RETALIAÇÃO NÃO SÃO MEIOS INTELIGENTES DE "DIÁLOGO", E NADA TRAZEM DE BOM. E só geram mais e mais retaliação. É preciso aprender a dialogar, e especialmente a respeitar a ideologia de cada um. Se um homem curte a página Orgulho de ser Hétero, o que é que eu posso fazer além de procurar dissuadi-lo e apresentar a ele ideias que considero mais adequadas, vantajosas e inteligentes? E se ele não concordar com essas ideias? Aí é deixá-lo pra lá com toda a ideologia equivocada dele. Porque quem vai estar perdendo é ninguém menos do que ele próprio. Cada um com sua cabeça. Cada qual com sua sentença. Já diziam nossos avós. Sim, nós feministas devemos procurar mostrar à sociedade uma maneira mais justa, vantajosa para ambos os lados, e mais inteligente de se viver nesta sociedade. Mas que seja de uma forma clara e, tanto quanto possível, pacífica. Ataques e retaliações só irão atrair mais ataques e retaliações. Agora que a merda já foi feita, agora que o diálogo já foi vergonhosamente deixado de lado, o que nos resta a fazer é resistir e entrar de vez, e de peito aberto, nesta guerra que já estourou de qualquer forma, e não é de hoje. E levantar nossa bandeira o mais alto possível. Deixo aqui todo o meu apoio à Jout Jout e à Lola Aronovich, e a todas as páginas feministas que estão aí, firmes, resistindo lindamente. E espero que em algum momento, ainda que em uma outra era, venhamos a aprender a resolver as coisas através do diálogo, e que o bom senso e a razão venham, enfim, a imperar.


E no entanto, é uma linha reta que sempre, e ingenuamente, esperamos.

Os diários da infância e adolescência, queimei todos, fiz apenas questão de guardar algumas páginas ou rasgar e guardar os pensamentos que eu considerava mais interessantes. Era muita coisa. Era tão pouco espaço. Mas hoje peguei alguns cadernos e fichários em que costumava escrever depois dos meus vinte anos, inclusive durante os meus períodos de depressão e completa apatia e confusão mental, e encontrei alguns pensamentos interessantes. Algumas coisas só faziam sentido para mim naquele estado de apatia e depressão em que me encontrava. Como se alguém houvesse apagado uma luz aqui dentro da minha mente, e eu mal conseguia formular pensamentos muito coerentes. E olha que eu sempre, sempre escrevi muito, desde os meus seis anos de idade. Contos, poemas, romances, crônicas e pensamentos meus. Mantinha cadernos e mais cadernos cheios deles, porque sempre preferi escrever do meu próprio punho _ a caligrafia, um de meus maiores prazeres, a escrever em qualquer tipo de máquina ou computador. E hoje o texto que peguei para ler fala de tristeza, apatia, imensa frustração e solidão. Pela data, eu tinha vinte e cinco anos, e atravessava claramente uma depressão. Grande parte do que escrevi então me parece um pouco confuso, mas tenho certeza de que para mim, naquele momento, fazia todo o sentido do mundo. Mas algo que grifei achei, agora e então, realmente interessante:

Mas a História sempre foi desenhada desta forma: uma sequência perfeitamente alternada de curvas positivas e negativas. E nunca uma linha reta. E no entanto, é uma linha reta que sempre, e ingenuamente, esperamos.

Se mesmo os períodos históricos sempre se alternaram em períodos de descrença e depressão, e períodos de renascimento, esperança, vitalidade e renovação de valores, crenças, conceitos e comportamento social, como esperar então uma felicidade linear qualquer? Como não esperar sobressaltos e grandes decepções? Essas ondas que se alternam entre o positivo e o negativo me parecem nada além de um movimento natural universal. E o saber popular, no fim das contas, me parece extremamente acertado: a hora mais escura é sempre aquela que precede o nascer de um novo dia. Esperança. Esperança sempre. A única certeza que realmente podemos dizer que possuímos é a de que nada ou ninguém permanece no mesmo lugar por muito tempo. Seja por vontade própria. Seja por algum motivo alheio à sua vontade.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Loucura, feminismo e formas de poder

“Não há civilização sem loucura
[…] ela acompanha a humanidade
por todo lugar que haja imposição de limites”.
– Michel Foucault

Excelente texto e análise de Daniela Lima sobre o conceito de loucura relacionado a formas de poder, e sobre a vida e a arte da escultora Camille Claudel, amante de Rodin e irmã do poeta Paul Claudel. Camille passou os últimos 29 anos de sua vida internada como esquizofrênica numa clínica, afastada de sua arte e de suas paixões. Tive o prazer de ver o filme sobre sua vida, há vários anos, e de visitar há algum tempo atrás uma exposição preciosíssima com algumas obras do mestre Rodin, com muitos de seus trabalhos fortemente influenciados por Camille, ou mesmo criados em conjunto com ela, que jamais assumiu a coautoria de tais trabalhos. Daniela Lima nos traz reflexões extremamente lúcidas e pertinentes sobre a loucura tratada como uma ameaça às formas de poder, e sobre estas mesmas formas de poder sendo utilizadas para manter as mulheres sob um forte controle. Questão ainda muito atual, especialmente num tempo em que nunca se falou tanto sobre o feminismo. Gostaria de poder destacar várias passagens do texto de Daniela, mas vou citar só algumas:

"Loucura não é tudo aquilo que age contra a natureza. É tudo aquilo que desnaturaliza formas de poder."
"Essa demarcação das fronteiras da normalidade é usada para limitar quais são as experiências possíveis para mulheres. A questão da normalidade (ou de como ela se transforma em mecanismo do poder) não é puramente teórica: é parte da nossa experiência. (...) Quando Camille transgrediu os estereótipos de gênero de sua época, revelou mecanismos de poder que fabricam esses estereótipos. Era um exemplo perigoso para outras mulheres. Portanto, tentaram “corrigir” violentamente sua anormalidade. O que define o anormal é que ele constitui, em sua existência mesma, a transgressão de leis invisíveis da sociedade, leis que são naturalizadas. (...) O anormal desafia aquilo que é demarcado como impossível e proibido. se a normalidade é um mecanismo do poder, o enclausuramento, a vigilância, o sistema recompensa/punição, e a hierarquia piramidal são algumas formas de normalização. Reduzir a humanidade de alguém para que ela caiba num determinado estereótipo de normalidade é, por fim, uma forma de governo."
"A loucura é um saber, algumas vezes fechado, inacessível, inquietante. Um saber que desafia o poder. Loucos são cada vez mais aqueles que ameaçam a conservação do poder."

Alguma coisa entre a tristeza e a esperança.
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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

"Quem sabe a vida é não sonhar."

As Plêiades

Muito grata por saber, através da série Cosmos, um pouco mais sobre a mitologia que envolve as Plêiades, minha formação estelar favorita desde pequena. Sempre gostei muito, a exemplo de minha mãe e de um tio que é astrônomo amador, de olhar o céu, as estrelas e os fenômenos celestes. E, por alguma razão, sempre fui atraída por formações discretas e menores, daquelas que é preciso prestar bastante atenção para perceber. Como o Messier 7, ou Aglomerado de Ptolomeu, que é só uma manchinha pálida bem perto do final da cauda da constelação de Escorpião. Como as Plêiades, as sete estrelas irmãs, que, segundo nos conta Neil deGrasse na série Cosmos, foram usadas por milhares de anos como uma espécie de teste de visão para identificar aqueles que viriam a ser bons guerreiros. Descobri as Plêiades lá pelos meus onze ou doze anos de idade, e me apaixonei. Achei-as lindas. O meu pedacinho preferido do céu. Quase um segredo. E meu refúgio para as noites em que me sentia triste ou queria ficar sozinha. Era para lá que eu fugia sempre que precisava. Mais tarde vim a saber, pela internet, o nome de cada uma das sete estrelas mais brilhantes, e um pouco sobre a história delas. Descobri que uma delas se chama Maia, por coincidência o nome que adotei na net, e que veio também a ser o meu nome artístico. Mas Maya com um "y", por causa do livro de Jostein Gaarder sobre uma bailarina flamenca que amava arte, astronomia e filosofia. Haveria no mundo um outro nick que me coubesse melhor? Risos. E toda a minha história com o número sete...

Por enquanto a história vai em inglês mesmo, de acordo com a legenda que eu acompanho. Mas ainda volto aqui e faço uma tradução. And it goes like this:


"But there was one particularly gorgeous group of stars, known to the Ancient Greeks and to us today as the Pleiades, a star cluster formed about 100 million years ago. Each of them is some 40 times brighter than our Sun. And Alcyone, the most luminous, outshines our Sun 1,000 times. For ages the Pleiades have been used as an eye test for people all over the world. If you could see at least six of them, you were considered normal. If you saw more then seven, you were an ideal candidate for a warrior or scout. Among the Ancient Celts and Druids of the British Isles, the Pleiades were believed to have a haunting significance. On the night of the year that they reach the highest point in the sky at midnight, the spirits of the dead were thought to wander the Earth. This is believed to be the origin of the holiday once known as Samhain, now called Halloween. All over the Earth, our ancestors told wonderful stories to explain how the Pleiades came to be in the sky. For the Kiowa people of North America, it happened something like this. Long, long ago, some young women snuck away from their campsite to dance freely beneath the stars. Some bears appeared and they ran to the top of a small rock, screaming “rock, take pity on us!” The rock heard their cries and grew taller. Until it became what is today known as the Devil’s Tower. The maidens were transformed into the stars of the Pleiades, which may be seen hanging above the tower in midwinter. The Ancient Greeks also saw those seven jewels as seven maidens, the seven daughters of Atlas, pursued not by bears, but by Orion the hunter, who spied them when he was out walking one day. Orion became mad with desire. For seven years, he chased them relentelessly. Exhausted, they prayed to Zeus for deliverance. Zeus, the king of the gods, felt sorry for them, and transformed those seven maidens into the Pleiades. But the gods are, if anything, capricious. When Orion was killed by the sting of a scorpion, Zeus placed him in the sky where he could resume his pursuit of the seven gorgeous sisters."

domingo, 1 de novembro de 2015

Lendo e ouvindo por aí

"Para renovarmo-nos, é preciso o caos."
Alisson, amigo

"Nada disso importa. Ser parecido ou diferente. Importa é querer lidar com o outro."

Dijavan, amigo

"Penso aqui com minha imensa pequenez que se o amor traz algum tipo de dano ou sofrimento pra você ou pro outro ele tá desequilibrado. O amor não pode destruir nem você nem o outro."
Dijavan, amigo

"Eleve suas palavras, não a sua voz. É a chuva que faz crescer as flores, não o trovão"
Rumi (via Dijavan, amigo)

"Objects concretize our longing for permanence."
Brain Pickings

"The farther we see, the older the light."

Cosmos, Neil deGrasse Tyson

"Our sense of the stability of the Earth is an illusion due to the shortness of our lives."

Cosmos, Neil deGrasse Tyson

"The dinosaurs never saw that asteroid coming. What's our excuse?"

Cosmos, Neil deGrasse Tyson

"It's ok not to know all the answers. It's better to admit our ignorance than to believe answers that might be wrong. Pretending to know everything closes the door to finding out what's really there."

Cosmos, Neil deGrasse Tyson

"Olhem de novo esse ponto. É aqui, é a nossa casa, somos nós. Nele, todos a quem ama, todos a quem conhece, qualquer um sobre quem você ouviu falar, cada ser humano que já existiu, viveram as suas vidas. O conjunto da nossa alegria e nosso sofrimento, milhares de religiões, ideologias e doutrinas econômicas confiantes, cada caçador e coletor, cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada rei e camponês, cada jovem casal de namorados, cada mãe e pai, criança cheia de esperança, inventor e explorador, cada professor de ética, cada político corrupto, cada "superestrela", cada "líder supremo", cada santo e pecador na história da nossa espécie viveu ali - em um grão de pó suspenso num raio de sol.
A Terra é um cenário muito pequeno numa vasta arena cósmica. Pense nos rios de sangue derramados por todos aqueles generais e imperadores, para que, na sua glória e triunfo, pudessem ser senhores momentâneos de uma fração de um ponto. Pense nas crueldades sem fim infligidas pelos moradores de um canto deste pixel aos praticamente indistinguíveis moradores de algum outro canto, quão frequentes seus desentendimentos, quão ávidos de matar uns aos outros, quão veementes os seus ódios.
As nossas posturas, a nossa suposta autoimportância, a ilusão de termos qualquer posição de privilégio no Universo, são desafiadas por este pontinho de luz pálida. O nosso planeta é um grão solitário na imensa escuridão cósmica que nos cerca. Na nossa obscuridade, em toda esta vastidão, não há indícios de que vá chegar ajuda de outro lugar para nos salvar de nós próprios.
A Terra é o único mundo conhecido, até hoje, que abriga vida. Não há outro lugar, pelo menos no futuro próximo, para onde a nossa espécie possa emigrar. Visitar, sim. Assentar-se, ainda não. Gostemos ou não, a Terra é onde temos de ficar por enquanto.
Já foi dito que astronomia é uma experiência de humildade e criadora de caráter. Não há, talvez, melhor demonstração da tola presunção humana do que esta imagem distante do nosso minúsculo mundo. Para mim, destaca a nossa responsabilidade de sermos mais amáveis uns com os outros, e para preservarmos e protegermos o "pálido ponto azul", o único lar que conhecemos até hoje."
Carl Sagan
Pentatonix sempre acertando demais no repertório. Ficou lindo demais esse cover do Fleet Foxes a cappella.
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