quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A Cartomante e o inabalável Rei de Copas

Lembrança do dia.

"Cartomante"
Composição: Ivan Lins
Intprete: Elis Regina
Álbum: "Elis", 1977

Nos dias de hoje é bom que se proteja
Ofereça a face pra quem quer que seja
Nos dias de hoje esteja tranqüilo
Haja o que houver pense nos seus filhos
Não ande nos bares, esqueça os amigos
Não pare nas praças, não corra perigo
Não fale do medo que temos da vida
Não ponha o dedo na nossa ferida

Nos dias de hoje não lhes dê motivo
Porque na verdade eu te quero vivo
Tenha paciência, Deus está contigo
Deus está conosco até o pescoço
Já está escrito, já está previsto
Por todas as videntes, pelas cartomantes
Tá tudo nas cartas, em todas as estrelas
No jogo dos búzios e nas profecias
Cai o rei de Espadas
Cai o rei de Ouros
Cai o rei de Paus
Cai não fica nada.(6x)

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Picture me

"Tea for Two"
music by: Vincent Youmans 
lyrics by: Irving Caesar
singer: Jane Monheit

Oh honey
Picture me upon your knee,
With tea for two and two for tea,
Just me for you and you for me, alone!
Nobody near us, to see us or hear us,
No friends or relations
on weekend vacations
We won't have it known, dear,
That we own a telephone, dear.
Day will break and I'm gonna wake
and start to bake a sugar cake
for you to take for all the boys to see.
We will raise a family,
a boy for you , and a girl for me,
Can't you see how happy we will be.
(Picture you upon my knee)
(tea for two and two for tea)
(me for you and you for me, alone!)
(Nobody near us, to see us or hear us,)
(No friends or relations on weekend vacations)
(We won't have it known, dear,)
(That we own a telephone,)
(dear.)
Day will break and I'm gonna wake
and start to bake a sugar cake
for you to take for all the boys to see.
We will raise a family,
a boy for you, and a girl for me,
Oh can't you see how happy we will be.
(How happy we will be)


domingo, 15 de outubro de 2017

Dos caminhos

"How many roads must a man walk down?"

Estava aqui vendo uma reportagem sobre peregrinos e me perguntando se nossa fé, em algo, em Deus, no outro, em nós mesmos ou no que quer que seja, só recebe carimbo de validação se percorrermos esse ou aquele caminho, se chegarmos àquela capela, àquele templo, àquele muro, àquelas pedras, àquelas ruínas daquela incrível cidade perdida. O quanto é preciso andar para agradecer, para pedir, para se encontrar, para se perder? Quão longe é preciso ir?

Na primeira vez em que me encontrei, estava do outro lado do mundo, olhando a mão direita do Buda gigante  erguida acima do Monastério Po-Lin, em Lantau Island, uma das ilhas que formam a incrível, contrastante, louca, avançada, brilhante, colorida, apressada, insana, amada Hong Kong. Ah, ali eu me encontrei. Olhei, do alto daquele templo, a névoa que encobria as montanhas verdes, serenas, silenciosas, sagradas, e compreendi. Compreendi que aquela paz, aquela sabedoria inerente ao ar que ali eu respirava, todo aquele contentamento, tudo aquilo eu podia criar dentro de mim mesma, com jeitinho, num cantinho qualquer aqui dentro do peito e da alma.

Compreendi que meu templo está em mim, e que eu posso entrar nele enquanto ando perdida por aí numa noite de vento, enquanto toco um cacho de flores, enquanto ouço uma música e esqueço o entorno, enquanto ando pelo meu jardim procurando delicadezas e pequenos seres para fotografar, e cada um deles é outro templo, totalmente diverso, que devo respeitar. Em cada um deles, um altar. Em cada altar, um deus. Namastê. Eu vejo você.

Posso me encontrar no meu canto, na minha voz: minha oração. Ou descobrindo algo novo e fascinante: em transe. Nos versos de Sylvia e de Pessoa. No bailado de uma cigana. Nos meus olhos refletidos nos teus: deus.

Não preciso percorrer a Estrada Real ou o caminho de Santiago de Compostela, embora eu queira tanto, ainda assim. Mas sim: eu posso me encontrar nos caminhos da minha mente, das minhas sensações, enfim. Eu posso percorrer: a mim.


Fotografia: L6úcia Ramos

leve

Que os ventos
de Oyá me levem
de leve...
mas que saibam
também o momento
de me trazer
de volta ao chão.


Imagem: 
www.instagram.com/agnieszka_lorek/

Tempo, tempo, sempre, o tempo

"Go tell that long tongue liar
Go and tell that midnight rider
Tell the rambler, the gambler, the back biter
Tell 'em that God's gonna cut 'em down..."

Ano passado eu não coloquei as luzes de Natal na frente da casa. Com a correria toda, típica de final de ano, não deu tempo, não deu.

Nas férias de julho eu queria ter ido à praia, terminar de escrever um livro, fazer oferendas à mãe Iemanjá, me perder numa caminhada tranquila, com os pés na água, acompanhando a orla e sentindo a maresia no finalzinho da tarde. Surgiu trabalho extra, eu não podia deixar de pegar. Não tive tempo de ir. Também não deu.

Há duas semanas passei a ter crises de insônia por falta de certa medicação. Meus horários ficaram todos desregulados, perdi a hora da psicóloga, perdi o horário do banco, perdi o compromisso com a irmã, uma coisa atropelou a outra e até a festa de aniversário da amiga eu perdi. Compro sempre uns biscoitinhos coloridos pro cachorro da vizinha, que amo como se fosse meu. Essa semana não comprei, não deu.

Há dois dias perdi o prazo de entrega de um trabalho. Milhões de coisas na cabeça, no coração, clima tenso em casa, afastamento de uma amiga imensamente querida, falecimento do pai de outra, correria, estresse extremo beirando síndrome de burn out, joguei tudo pro alto, não deu tempo, não deu. 

Ontem fui andando até o supermercado da esquina. Tropecei em algo, parei, olhei: até partes do meu corpo agora eu estou perdendo. No chão alguma coisa brilhava, me abaixei e peguei. Não era só o brinco, mas toda a orelha direita. 

À noite fui sozinha a um bar, precisava, precisava beber, desopilar. Pois lá perdi um pedaço do fígado e uma porção mal passada de memória. Não vi o tempo passar. Voltei tarde, alguém podia me assaltar. Ah, tempo, tempo, já me tiras até o ar.

Hoje acordei e não me lembrei. De quê? Já nem sei. Levantei da cama e fui até o banheiro preparar um pouco de café. No caminho o coração caiu do peito, rolou para trás da porta, sumiu por ali. Não achei. Será que rolou para perto dos teus pés? Não sei, não sei.

Agora precisei adiantar o relógio em uma hora. Horário de verão, sabe como é. Estava aqui deitada, tentando escrever algo pelo celular, mas daqui a pouco já tenho compromisso, perdi uma hora, já não vai dar, não vai dar.

Procuro me apressar, mas as palavras começam a me faltar, a me faltar, me desespero eu sei que não vai dar. E agora já me falta, de fato, até o ar. 

Ticking away my time ran away my mind ran away my heart ran away and I think I have lost, I have lost, I have lost my way. What could I ever do, what could I ever say? 

Eu não sei,
não, eu não sei.


sábado, 14 de outubro de 2017

Exhausted...

"To have no yesterday, 
 and no tomorrow. 
 To forget time, 
 to forgive life, 
 to be at peace."

Dance Me to the End of Love

Sintonia, ou sinfonia, da noite.

"Dance Me to the End of Love"
Composição: Leonard Cohen
Intérprete: Madeleine Peyroux

Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till I'm gathered safely in
Lift me like an olive branch and be my homeward dove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Oh, let me see your beauty when the witnesses are gone
Let me feel you moving like they do in Babylon
Show me slowly what I only know the limits of
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the wedding now, dance me on and on
Dance me very tenderly and dance me very long
We're both of us beneath our love, we're both of us above
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the children who are asking to be born
Dance me through the curtains that our kisses have outworn
Raise a tent of shelter now, though every thread is torn
Dance me to the end of love
Dance me to your beauty with a burning violin
Dance me through the panic till I'm gathered safely in
Touch me with your naked hand or touch me with your glove
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love
Dance me to the end of love


quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Me tira essa dor...

A gente muitas vezes acredita que é forte, que vai dar conta de tudo e, de preferência, sozinha, que a gente leva um tombinho aqui outro ali mas que vai se reerguer sempre e tudo vai ficar bem, mas por tantas vezes, quando a madrugada chega, tudo o que a gente quer é um abraço sincero e bem apertado, é saber que pode realmente contar com alguém ali e que tudo vai, sim, ficar bem. Ainda me lembro daquele difícil ano de 2015, morando em BH, namorando um belo negro equatoriano (por que essa minha tendência tão forte a me ligar com estrangeiros de todas as partes do mundo?!), falando ao celular, de frente pra ele à mesa de um café, e era tanto problema junto, e problemas de todas as ordens, que as lágrimas começaram simplesmente a escorrer pelo meu rosto sem a minha permissão, e eu continuava falando, com um olhar perdido, e quando eu olhei pra ele, ele simplesmente me olhava com a xícara parada no ar e um misto de surpresa e compaixão tão grande como eu nunca tinha visto nos olhos de ninguém antes. Ele veio até mim, tirou o celular das minhas mãos e me abraçou bem forte. E então eu desabei. E tudo o que eu conseguia dizer era "me tira essa dor... me tira essa dor... me tira essa dor..." Ah, moreno querido... I know, and you know: "you met me at a very strange time in my life"... Espero que hoje estejas bem onde estiveres. E hoje, aqui, agora, tudo o que eu precisava era de um abraço bem forte como aquele que você me deu... e de poder dizer a alguém: me tira essa dor... me tira essa dor... me tira essa dor...


terça-feira, 10 de outubro de 2017

"De repente, a gente vê que perdeu ou está perdendo alguma coisa..."


Dia das crianças se aproximando e alguns começam a se perguntar quando foi que matamos a criança que vivia e brincava dentro de nós...

Música para reflexão: "Poema", de Cazuza, musicada posteriormente ao seu falecimento. Uma das músicas mais lindas já feitas...


"Poema"
 Cazuza

Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via um infinito
Sem presente, passado ou futuro

Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim (que não tem fim)

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Para mi mariposa tecknicolor

Conexão
9 de fevereiro de 2009

Ando sozinha nas ruas de Kowloon, junho de dois mil e seis, Hong Kong, outro mundo e não me sinto só. As feiras, os templos, as cores, incensos, luzes. O Victoria Harbour pontilhado de ferry boats, os edifícios iluminados, nada tem fim. Passo por mil rostos parecidos, passos apressados, eu não tenho pressa. O tempo pára comigo em cada esquina, tento prendê-lo em cada foto, ele me escapa, brinco com ele. Ali do outro lado do mundo eu sei quem sou. Mil desconhecidos e sou capaz de me encontrar nas escadas do Templo Po Lin, na mão direita do Buda gigante erguida em saudação, na neblina velando as montanhas. Estou no ar puro, na paisagem vasta e calma, no meu e no teu silêncio, namastê. Atravessei meio mundo para encontrar a mim mesma, vazia de palavras, tão plena de sentido.

Meus pés descalços no asfalto, fevereiro de dois mil e nove, Brasil, procuro minha alma. Procuro minha razão, minha paixão e minha calma. Caiu pelo caminho, tenho certeza. Olho cada pedra e cada folha, as formigas sobre o pó, não me vejo sob a luz âmbar do poste que ilumina a rua. Cabelo solto, o vento, o céu de verão escurece e revela as estrelas. Respiro, sinto. O som do piano de meu pai, Für Elise, eu me lembro. Lembro quem fui, meu riso, as brincadeiras, mas sob os olhares conhecidos de agora já não sei quem sou. Misturo palavras e o sentido já não me vem. Tudo fora de lugar, eu sei, e não encontro. E esse vazio me dói tanto. Procuro conexão. Procuro olhos que não me atravessem e amores que não sejam descartáveis. Procuro uma presença que o tempo não seja capaz de me arrancar, não de dentro. Se a encontro, quem sabe encontro a mim mesma, meu porquê. Sigo descalça, angustiada, desconexa. O caminho é longo e dói. E eu sei.

Lúcia Ramos

Postado originalmente em: https://clubedosintensos.wordpress.com/


Imagem: https://www.instagram.com/lilith_ardath/

domingo, 8 de outubro de 2017

Ismália

"Ismália"
Alphonsus de Guimaraens


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Imagem: www.instagram.com/lilith_ardath/

"Questions of science
science and progress
do not speak as loud
as my heart."

Lady Phoenix

"Dying
Is an art
like everything else
I do it exceptionally well
I do it so it feels like hell"

Though

"Herr God, Herr Lucifer
Beware
Beware
Out of the ash
I rise with my red hair"

(Recortes do poema "Lady Lazarus", de Sylvia Plath)

Imagem: https://www.instagram.com/agnieszka_lorek/

Calling all angels...


"Calling All Angels"
Lenny Kravitz

Calling all angels
I need you near to the ground
I miss you dearly
Can you hear me on your cloud?

All of my life
I've been waiting for someone to love
All of my life
I've been waiting for something to love

Calling all angels
I need you near to the ground
I have been kneeling
And praying to hear a sound

All of my life
I've been waiting for someone to love
All of my life
I've been waiting for something to love

Day by day
Through the years
Make my way

Day by day
Through the years

Day by day
Through the years
Day by day
Through the years
Day by day
Make my way

Day by day
Through the years
Day by day
Day by day

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Insônia, nostalgia, sonhos


"What ever happened to Amelia Earhart..."

•   •   •

I know it's a horrible, horrible joke, but maybe Amelia just listened to her heart... Earhart... ;p

Amelia, wherever you are, I want you to know that you inspire my life and the life of so many women who just decided to follow their dreams, beautiful Amelia Lady Bird! ♡

domingo, 1 de outubro de 2017

"Continue a nadar!"

Há exatos dois anos eu jogava no feed do facebook:

"Você me pergunta pela minha paixão. Digo que estou encantada com uma nova invenção."

E até onde posso me lembrar, 2015 foi o ano mais conturbado, confuso, louco e doloroso de toda a minha vida, depois daquele 2004...  Eu realmente não sei como fui capaz de me organizar internamente, cabeça e emoções, enquanto o país atravessava uma forte crise econômica que me afetou demais e me trouxe de volta a Ipatinga, muito, muito a contragosto. E por aqui ainda encontrei mais crise e mais dificuldades, de todos os tipos.

Entrei num processo depressivo que se refletiu nos meus hábitos, na minha escrita, na minha aparência, na minha auto-estima, no meu trato com as pessoas, na minha família, no afastamento dos amigos. Precisei mudar para um médico mais barato, mas igualmente muito bom, apenas adepto a um método, digamos, mais rígido, do tipo "terapia de choque". Mas eu estava lá, firme apesar de tudo. E meu pai sempre ao meu lado. Meu grande exemplo, meu norte, meu porto seguro, a pessoa que mais admiro e amo nessa vida. Absolutamente admirável em toda a sua extrema inteligência, sensibilidade, talento, valores, ética, honradez, absurdamente grandioso em toda a sua humildade e simplicidade, sempre criticando esse meu "ar de princesa que alimenta a minha dor, de onde você tirou?". Realmente não sei. Quando mais nova eu gostava de brincar dizendo que na encarnação passada eu tinha sido uma princesinha espanhola que fugia do castelo todas as noites para dançar com os ciganos em volta da fogueira no acampamento. Vai saber. Vai saber. Eu, sempre esse desvio da norma, desde criança, www ponto ovelhanegra ponto com.

As dificuldades nunca cessaram, muito pelo contrário, e ainda ontem eu dizia a meu pai que há vários anos rezo para que não me tirem um único grama de peso de cima dos meus ombros, mas que me faça mais forte. Mais forte. Mais forte. E que essa força possa estar a serviço de outros. I do. I do.

Só sei que sigo apaixonada pela vida, dos menores detalhes às coisas mais grandiosas. Sigo apaixonada pela natureza, pelos animais, pela beleza que enxergo em todas as pessoas, e todas elas são belas, cada uma à sua maneira. Cada uma, um deus diferente. Li algo parecido num blog incrível essa semana. "Eu vejo você". Namastê. "O deus que habita em mim saúda o deus que habita em você".

Sigo apaixonada por esta vida louca, por esta montanha russa desgovernada, em fúria, ora tudo faz sentido, ora a gente fica tonto e se perde e de repente nada orna. Nada parece estar no lugar. Mas então você vê o sol se pondo, você vê toda a infinitude do mar, todo o amor incondicional de um cãozinho, você aprende algo novo, lê um bom livro ou vê um bom filme, vê uma companhia fantástica de dança se apresentando, repara em como aquela árvore florida está tão linda, apaixona-se pelos olhos e pelo sorriso de uma criança. E tudo faz sentido novamente.

E é bom estar vivo, é tão bom estar vivo aqui, agora, ver tudo de incrível que existe por aí, sentir o ar enchendo os pulmões e o peito pulsando, e se tudo estiver doendo muito, saber deixar o passado passar e perceber que existem tantos caminhos e tantas possibilidades e tanto ainda para amar e para viver e descobrir e sentir!

E você ainda me pergunta pela minha paixão? A vida. A vida. A vida. Por mais que muitas vezes doa tanto e oprima e sufoque e nos dilacere o peito e a alma a um ponto que nos faça cair de joelhos em prantos na madrugada e uivar de dor, como tantas vezes já me aconteceu: eu pago o preço. Eu pago todo o preço. Vale a pena. E no fim você vai ver que o fim do túnel não é o fim e que ele segue e a paisagem só fica mais bonita, porque você mesmo está mais forte e mais bonito e mais cheio de luz por dentro, de forma que vai estar preparado para ver cada vez mais beleza e sentido em tudo.

Apenas não desista no meio do caminho. Apenas siga. Acredite. Confie. O fim não chegou, e é bem possível que ele nem exista. Mas siga e confie. Vai ficar tudo bem. Tenha sempre, sempre em mente as sábias palavras de uma de nossas maiores pensadoras da atualidade:

"Continue a nadar... continue a nadar..."


                                  *   *   *

P.S.: a fotografia que anexei aqui faz parte de um projeto delicioso chamado "Follow Me Project", de Murad Osmann, que ele fez com a esposa durante as viagens que os dois fizeram juntos. Vale muito a pena conhecer o projeto todo e também seguir o insta dele: @muradosmann  ; )