terça-feira, 25 de outubro de 2016

E esse gosto de ferrugem aqui dentro do peito?
E essa madrugada que não me mostra as estrelas
e nem desaba em chuva dentro e fora de mim?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Amores Inventados

Deito a chuva lá fora esqueço a tevê ligada o barulho já não incomoda mais. Meu sono intranquilo toca as tuas lembranças me viro na cama e os teus olhos brilhantes já não sei se durmo realmente. E todas as coisas que poderiam ter sido diferentes. E tudo que poderia ter sido e não foi. E as mãos que jamais se entrelaçaram e os beijos nunca trocados as sessões de cinema que jamais vieram o carinho a conversa na cama depois do amor a fumaça do cigarro aceso e as coisas todas, tão intensas e indizíveis. Nunca ditas. Nunca realizadas. Suspensas. Natimortas. Outra vez a dor lancinante do que nunca existiu. Outra vez os pontos finais, mutilando sem misericórdia histórias que poderiam ter sido infinitas e significado o mundo enquanto durassem. Cinco minutos, uma vida, não importa. Seriam inteiras. Seriam eternas. Acordo com o som de gritos na tevê lá fora ainda chove forte o relógio marca quatro e dez desisto de dormir por fim. Sonhei contigo? Ou foi só essa impressão de ter sonhado? Exististe mesmo ou foste só coisa da minha imaginação? Já não tenho certeza. Quantas vezes me perguntei se haveria de ser real alguém assim como és? Vou até a janela um cão vira uma lata na rua deserta faltam duas horas para amanhecer decido acender um cigarro. Desde quando mesmo comecei a fumar? Não me lembro, não me importa, nada importa quando o pensamento está em ti, e não deveria. Termino o cigarro e penso no romance inacabado ainda aberto na tela do meu computador. Para os personagens, a vida segue. Apaixonam-se outra vez, fazem planos acreditam confiam se entregam e as mãos que se entrelaçam e os beijos trocados as sessões de cinema o carinho a conversa na cama depois do amor a fumaça do cigarro aceso e as coisas todas, tão intensas. E indizíveis. Não. Não estou com cabeça para escrever nada. A vida segue, eu sei. Mas ainda não. Não agora. Amanhã, quem sabe, se a vida assim quiser. Quem sabe. Pego o livro de Sylvia do ponto onde parei e volto a deitar na cama. É. Provavelmente foste só fruto da minha imaginação. I think I made you up inside my head. I think I made you up inside my head.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

“Hey, Benny. My mom told me this story. Or was it a dream? There was this little prince with a magic crown. And this evil warlock kidnapped him. Locked him in this cell in this huge tower. Took away his voice. There was a window with bars... and the prince kept smashing his head against the bars, hoping that someone would hear the sound and find him. The crown made the most beautiful sound that anyone had ever heard. You could hear it ringing for miles. It was so beautiful that people wanted to grab the air. They never found the prince. He never got out of the room. But that sound he made filled everything up with beauty.”


“Basquiat”, Julian Schnabel, 1996