terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Amores Inventados

Deito a chuva lá fora esqueço a tevê ligada o barulho já não incomoda mais. Meu sono intranquilo toca as tuas lembranças me viro na cama e os teus olhos brilhantes já não sei se durmo realmente. E todas as coisas que poderiam ter sido diferentes. E tudo que poderia ter sido e não foi. E as mãos que jamais se entrelaçaram e os beijos nunca trocados as sessões de cinema que jamais vieram o carinho a conversa na cama depois do amor a fumaça do cigarro aceso e as coisas todas, tão intensas e indizíveis. Nunca ditas. Nunca realizadas. Suspensas. Natimortas. Outra vez a dor lancinante do que nunca existiu. Outra vez os pontos finais, mutilando sem misericórdia histórias que poderiam ter sido infinitas e significado o mundo enquanto durassem. Cinco minutos, uma vida, não importa. Seriam inteiras. Seriam eternas. Acordo com o som de gritos na tevê lá fora ainda chove forte o relógio marca quatro e dez desisto de dormir por fim. Sonhei contigo? Ou foi só essa impressão de ter sonhado? Exististe mesmo ou foste só coisa da minha imaginação? Já não tenho certeza. Quantas vezes me perguntei se haveria de ser real alguém assim como és? Vou até a janela um cão vira uma lata na rua deserta faltam duas horas para amanhecer decido acender um cigarro. Desde quando mesmo comecei a fumar? Não me lembro, não me importa, nada importa quando o pensamento está em ti, e não deveria. Termino o cigarro e penso no romance inacabado ainda aberto na tela do meu computador. Para os personagens, a vida segue. Apaixonam-se outra vez, fazem planos acreditam confiam se entregam e as mãos que se entrelaçam e os beijos trocados as sessões de cinema o carinho a conversa na cama depois do amor a fumaça do cigarro aceso e as coisas todas, tão intensas. E indizíveis. Não. Não estou com cabeça para escrever nada. A vida segue, eu sei. Mas ainda não. Não agora. Amanhã, quem sabe, se a vida assim quiser. Quem sabe. Pego o livro de Sylvia do ponto onde parei e volto a deitar na cama. É. Provavelmente foste só fruto da minha imaginação. I think I made you up inside my head. I think I made you up inside my head.

Um comentário:

  1. Oi Lucia! Achei este blog seu.
    Você foi uma pessoas muito importante em minha vida, imagino ter sido sua aluna por mais tempo. Foi aí na sua garagem, em frente aos espelhos, que passei minha infância e adolescência.
    Lembro das aulas, das risadas, das apresentações e sinto um misto de tristeza e alegria.
    Alegria por ter vivido tudo e tristeza por saber que o tempo passa e não volta nunca mais.

    Minha vida deu uma grande mudada, sou missionária de uma comunidade católica. Larguei família, amigos, trabalhos com o propósito de ajudar a outros a encontrar o nosso tesouro. A dança ainda continua minha alegria e nos encontros, estou lá na frente ensinando passinhos aos encontristas.

    Que Deus te abençoe, ele sabe dos seios anseios, dúvidas e tristezas. E nunca te deixará sozinha.
    Confie nele e ele tudo fará!

    Um bjooo enorme!!!

    Priscila
    Comunidade Católica Amigos de Jesus

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