quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Resenha: A Elegância do Ouriço

Resenha: A Elegância do Ouriço, por Muriel Barbery
11 de Junho de 2015

Quero e sinto que devo escrever algo sobre este livro. Mas não sei de que maneira começar. Tomo emprestada a trilha sonora de Muriel Barbery ao final, Satie, e prometo tentar esboçar aqui alguma coisa. Às primeiras páginas, pensei comigo mesma: ótimo, outro daqueles romances filosóficos no mínimo curiosos. Acho que vou gostar, apesar de me parecer a princípio um tanto quanto pretensioso. Achei ótimas algumas questões levantadas pela pequena Paloma, e uma pena que fossem tratadas de maneira relativamente breve. Um pena maior ainda que não exista a possibilidade de uma forma de interação verbal com aquele livro que está na nossa frente, porque por várias vezes o assunto abordado me despertou e me deu vontade de me aprofundar naquilo e de debater mais a fundo aquelas questões. Quem sabe eu não escreva algo sobre essas questões num blog, talvez? De início achei tudo muito interessante, mas lá pela metade a história se perde um pouco, e perde o fôlego. Uma pena. Mas só para, logo em seguida, mostrar a que realmente veio, priorizar o lado humano da história toda, e focar nas relações entre os personagens, que de início viviam mergulhados cada um em seu mundo interior. E isso, essa valorização da questão humana, na minha opinião, quando se trata de um romance que aborda de maneira tão enfática toda questão filosófica, tem qualquer significado aí nas entrelinhas. O que houve, ao final, foi que eu me envolvi com os personagens de maneira muito mais viva e passional do que havia me envolvido no início. E o romance filosófico prioriza, vejam só, as boas e velhas relações humanas. A dor, a alegria, o prazer, as dúvidas, o medo, os planos, as descobertas, tudo o que só é possível quando não se é feito só. O que parece tão complexo, o que nos parece por tantas vezes tão vital e imprescindível, toda a ciência, toda a filosofia, todo o estudo, todas as ginásticas mentais a que nos entregamos e nos dedicamos em relação às várias questões da vida, da existência, da morte, do universo, são caminhos que acabam por se unir e levar ao mais importante deles: os relacionamentos humanos. A afeição. A amizade. A compaixão. O amor. Isso que liga a todos nós e a que ainda não fomos capazes de dar um nome adequado. O livro de Muriel Barbery me emocionou verdadeiramente, e cheguei a sentir dor ao final, ao ter que abandoná-lo. Esse, para mim, é um excelente parâmetro a partir do qual sou capaz de julgar um bom ou mau livro. A Elegância do Ouriço é, sem dúvida alguma, um ótimo livro.

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