quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Resenha: Matadouro 5

Resenha: Matadouro 5, de Kurt Vonnegut
Agosto de 2015

Apesar de ser um livro que tem uma guerra como tema central, e de não se furtar a mencionar ou descrever alguns dos horrores dessa guerra, o autor não se prende ao lado sério e político da questão, e transporta facilmente o leitor, que desde o início já se encontra certamente preso e maravilhado por seu talento, carisma, estilo e humor, através dos altos e baixos da envolvente história de Billy Pilgrim. E a partir do momento em que Kurt prende você à história dele, a essa espécie de montanha russa particular, ele faz de você e das suas emoções o que bem entende. O coração aperta, você se preocupa, se entristece, daí você relaxa, é jogado para frente e para trás no tempo, alternadamente, num recurso que chega a ser genial e provavelmente inédito na literatura, e não consegue deixar de dar boas risadas com os sonhos lisérgicos e com as experiências extra-terrenas ainda mais lisérgicas e insuspeitadas vividas por Billy. Uma das primeiras coisas que me encantaram e deliciaram nesse livro foi a descrição do momento em que Billy assiste a um filme de trás para a frente. Que puta ideia incrível. É como se o filme passasse ao mesmo tempo na frente dos olhos de Billy e dos nossos próprios olhos. Para mim foi impossível não visualizar aquilo e falar: que foda isso! Que escritor criativo e sensacional! O autor ainda nos presenteia aqui e ali com poemas e trechos de músicas inspiradores no estilo:

"Deus do céu, do relógio a batida -
ó dia infeliz, ó sorte fodida".

Juro que vou tomar isso emprestado do autor em momentos bem oportunos. Risos. Por fim eu me pego perguntando a mim mesma: por que foi mesmo que eu não li Kurt Vonnegut antes? Nada me resta agora a fazer a não ser me envergonhar de maneira apropriada e corrigir este terrível lapso. Minha avaliação? Tem mesmo como não dar cinco estrelas? Não, não tem. Coisas da vida.
 


Nenhum comentário:

Postar um comentário