quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Papo sério. Mas nem tanto.

Há muitos anos acompanho o trabalho do Saulo Calderon e os vídeos que ele grava. O trabalho dele é sobretudo dedicado a quem tem experiências de estar fora do corpo, as chamadas "projeções astrais", ou "viagens astrais", e as utiliza para fazer o bem, amparar e ajudar almas que sofrem. Eu, na verdade, ainda não consegui ter nenhuma experiência fora do meu próprio corpo. Tentei algumas vezes, relaxei e deixei meu corpo estar, e a minha mente vagar, mas sempre que sentia que algo estava para acontecer, quando tudo começava a rodar e a parecer fora de lugar, quando eu sentia o meu corpo extremamente leve, flutuando e prestes a ter uma dessas experiências, eu sempre acabava interrompendo, por medo. Mas muita coisa mudou de lá pra cá, e eu provavelmente vou procurar repetir a experiência qualquer dia desses. Seja pela técnica do “Cordão de Prata” ou por qualquer outra. Mas gosto muito de acompanhar os vídeos que o Saulo grava, com as "Frequently Asked Questions", pelas ideias maduras, embora cheias de brincadeiras descontraídas que eu adoro e que fazem parte, pela grande experiência espiritual e de vida que ele tem a transmitir, pela base claramente espírita que eu percebo em seu trabalho e em suas ideias, e pela simplicidade, leveza e bom humor que são sua marca registrada, e que eu acho imprescindível em qualquer tipo de trabalho ou de relacionamento. Pois bem, tudo isso dito, Saulo devidamente apresentado, lá fui eu fazer a ele a minha primeira pergunta, depois de tantos anos acompanhando o seu trabalho. E, olha só, fui logo selecionada, e a primeira a ser respondida no vídeo!

Muitíssimo obrigada, Saulo, pelo carinho, pela atenção e pela resposta animadora. Perguntei a ele o que se deve fazer quando tudo parece sem solução, sem saída, quando tudo na sua vida parece de repente estar arruinado. Eu tenho questões internas muito complexas, sou bipolar, borderline, tenho fobias paralisantes e crises de pânico horríveis, muitas vezes uma se confundindo com a outra, mas me trato há muitos anos para resolver essas questões. Certamente dependo de remédios para controlar tudo isso. Não posso passar sem eles, e essa tem sido a grande prioridade de nossa família: a saúde. Ao mesmo tempo tenho muitas questões externas também. Atualmente parece que tudo se arruinou, não de uma hora para a outra, mas foi um processo, algo desencadeado por escolhas minhas, e algo desencadeado por coisas da vida mesmo, a que todo mundo está sujeito. Uma dessas minhas escolhas foi uma mudança de uma cidade para a outra, assim que percebi que estava me sentindo mais segura, procurando desesperadamente me arrancar de uma inércia de morte após dois longos períodos de depressão, e ao mesmo tempo louca por acumular experiências novas, porém contando quase que unicamente com o meu imenso otimismo. Em relação a questões externas, fui perdendo quase tudo aos pouquinhos... perdi minhas malas com muitas das minhas coisas mais caras (para mim, não no sentido financeiro), perdi a maioria das minhas roupas, calçados, acessórios, livros, inclusive alguns bem antigos e de valor sentimental para mim e para meu pai, dvds, materiais de trabalho, perfumes caros, documentos e coisas emprestadas pelos outros inclusive. Fui assaltada e perdi meus documentos praticamente todos. Perdi meus óculos, e até que eu consiga fazer óculos novos, pois nossa situação financeira anda extremamente complicada, estou sendo obrigada a ler tudo com o auxílio de uma lupa horrível, prejudicando ainda mais a minha visão. Minha meta de leitura anda extremamente atrasada por isso, além das confusões da mudança no primeiro semestre. Perdi meu emprego. Meu celular antigo e barato pifou, e não tenho ainda condições de comprar outro. Meu computador, também antigo, está a ponto de pifar de vez. Está extremamente lento, e já não consigo visualizar cerca de 80% das imagens, e nem acessar cerca de 70 a 80% das páginas que tento abrir, mesmo depois da formatação. Perdi minhas coisas físicas, e as virtuais também, uma vez que terminei um namoro breve e recente (outra perda), e os meus dvds de backup ficaram com ele, que decidiu que aquilo precisava ser passado imediatamente para um HD externo, para que eu não perdesse os meus documentos, vejam só que ironia do destino. E agora eu simplesmente não consigo mais entrar em contato com ele, desde que terminamos. Então aí lá se vão meus documentos virtuais, projetos, meus textos todos, desde a época do meu primeiro blog, em 2004, projetos de livros e livros completos, fotos de família, de amigos, de eventos importantes como a formatura dos meus irmãos e de amigas, do casamento do meu irmão e de uma de minhas melhores amigas, de quem eu fui madrinha. Perdi recordações, planos, tudo, tudo o que eu tinha no computador que levei para formatar, e não tive tempo de passar novamente para o meu computador. Minhas coisas foram indo embora, inclusive o namoro, assim, uma por uma, até restar quase que apenas... eu. Meu relacionamento com a família está péssimo, além de tudo. E ainda tenho me sentido extremamente sozinha. Apesar de desejar amor, amizade e companhia como um beduíno deseja água no deserto, tenho muito medo de voltar a errar com as pessoas, com os amigos, familiares e amores que foram ficando para trás, por causa da impulsividade e da perda dos limites, da medida das coisas, quando meus sintomas bipolares e borderline estão fora de controle por alguma razão. Tenho muito, muito medo de errar com as pessoas novamente. Especialmente com aquelas que me despertam um afeto e um interesse maior. Então estou naquele ponto em que preciso recomeçar do zero. Mas do zero mesmo. Mas sou forte, muito forte e otimista. Eu acredito que quando vim a este mundo, ou fui eu quem escolheu provas bastante pesadas, ou elas foram escolhidas para mim. Mas estou aqui, firme, forte, e querendo lutar, e me reconstruir. Não é à toa que o meu arcano, no Tarot, é o de número 16. A Torre, ou A Casa de Deus. Queda de coisas que precisavam ser mudadas, destruição de toda ilusão, reconstrução e conhecimento. Sei que em algum momento as coisas irão entrar nos trilhos outra vez. E melhores do que antes, acredito.

Deixo aqui então a resposta do Saulo, logo nos primeiros minutos do vídeo. Que ela possa servir para tantas outras pessoas que se encontram, também, momentaneamente perdidas e sem chão.
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Anexo 1: Vim pedir perdão pelas "provas bastante pesadas". Afinal, ainda que pouca gente saiba o que é passar por uma desesperadora crise de pânico e enfrentar certos transtornos mentais e suas respectivas comorbidades, muita, mas muita gente sabe o que é perder tudo, e o que significa não ter nada. Mas nada mesmo além de si, e dos entes queridos. Muitas vezes, nem com os entes queridos se pode mais contar. A gente na verdade tem mais é que agradecer, agradecer pelo que tem, ainda que seja pouco, e agradecer especialmente pela oportunidade que essas crises nos trazem de vencermos mais uma batalha, e dela sairmos ainda melhores e mais fortes. Envergonho-me. Apesar de toda a minha história difícil de vida, apesar de todo o peso, de todas as atribulações por que tenho passado, bem ou mal eu tenho dado conta de carregar essa cruz que me foi confiada. E vou continuar a carregá-la. De cabeça erguida.

Anexo 2: Andei dizendo por aí que estava passando por um momento em que minha vida parecia arruinada. Preciso muito desmentir essa afirmação, e pedir perdão. Porque quem tem bons amigos, quem ama e é amado de volta, tem tudo. Tudo o que realmente importa nessa vida.

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