Os diários da infância e adolescência, queimei todos, fiz apenas questão de guardar algumas páginas ou rasgar e guardar os pensamentos que eu considerava mais interessantes. Era muita coisa. Era tão pouco espaço. Mas hoje peguei alguns cadernos e fichários em que costumava escrever depois dos meus vinte anos, inclusive durante os meus períodos de depressão e completa apatia e confusão mental, e encontrei alguns pensamentos interessantes. Algumas coisas só faziam sentido para mim naquele estado de apatia e depressão em que me encontrava. Como se alguém houvesse apagado uma luz aqui dentro da minha mente, e eu mal conseguia formular pensamentos muito coerentes. E olha que eu sempre, sempre escrevi muito, desde os meus seis anos de idade. Contos, poemas, romances, crônicas e pensamentos meus. Mantinha cadernos e mais cadernos cheios deles, porque sempre preferi escrever do meu próprio punho _ a caligrafia, um de meus maiores prazeres, a escrever em qualquer tipo de máquina ou computador. E hoje o texto que peguei para ler fala de tristeza, apatia, imensa frustração e solidão. Pela data, eu tinha vinte e cinco anos, e atravessava claramente uma depressão. Grande parte do que escrevi então me parece um pouco confuso, mas tenho certeza de que para mim, naquele momento, fazia todo o sentido do mundo. Mas algo que grifei achei, agora e então, realmente interessante:
Mas a História sempre foi desenhada desta forma: uma sequência perfeitamente alternada de curvas positivas e negativas. E nunca uma linha reta. E no entanto, é uma linha reta que sempre, e ingenuamente, esperamos.
Se mesmo os períodos históricos sempre se alternaram em períodos de descrença e depressão, e períodos de renascimento, esperança, vitalidade e renovação de valores, crenças, conceitos e comportamento social, como esperar então uma felicidade linear qualquer? Como não esperar sobressaltos e grandes decepções? Essas ondas que se alternam entre o positivo e o negativo me parecem nada além de um movimento natural universal. E o saber popular, no fim das contas, me parece extremamente acertado: a hora mais escura é sempre aquela que precede o nascer de um novo dia. Esperança. Esperança sempre. A única certeza que realmente podemos dizer que possuímos é a de que nada ou ninguém permanece no mesmo lugar por muito tempo. Seja por vontade própria. Seja por algum motivo alheio à sua vontade.
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