terça-feira, 15 de julho de 2014

Matéria escura e a dança cósmica

“A gravidade da Terra é bastante forte para atrair de volta uma pedra atirada para o céu, mas não um foguete com velocidade de escape. E assim acontece com o universo: se ele contém uma grande quantidade de matéria,a gravidade exercida por toda essa matéria vai diminuir e deter a expansão. Um universo em expansão será convertido num universo em colapso. E se não há bastante matéria, a expansão vai continuar para sempre. O presente inventário de matéria no universo é insuficiente para diminuir a expansão, mas há razões para pensar que talvez exista uma grande quantidade de matéria escura que não trai a sua existência emitindo luz, para a conveniência dos astrônomos. Se o universo em expansão se revelar apenas temporário, sendo finalmente substituído por um universo em contração, isso certamente criará a possibilidade de que o universo passa por um número infinito de expansões e contrações, sendo infinitamente antigo. Um universo infinitamente antigo não tem necessidade de ser criado.Sempre esteve ali. Por outro lado, se não há matéria suficiente para reverter a expansão, isso seria coerente com um universo criado do nada.” _  Bilhões e Bilhões, Carl Sagan

Já tinha lido, há bastante tempo atrás, algo sobre matéria escura e sobre a força gravitacional que ela exerceria sobre a matéria visível,e achei muito interessante e muito pertinente. Sempre achei muito mais fácil conceber um universo que está num processo constante de expansão e contração,algo que sempre esteve ali, em criação e destruição constantes. Algo como a dança cósmica de Shiva, divindade que sempre me interessou e atraiu muito. Não sei por que esse tipo de concepção de universo parece-me muito mais natural.

Certa vez grifei uma passagem especial logo no início do livro O Tao da Física, do físico teórico e escritor Fritjof Capra:

“Eu estava sentado na praia, ao cair de uma tarde de verão, e observava o movimento das ondas, sentindo ao mesmo tempo o ritmo de minha própria respiração. Nesse momento, subitamente, apercebi-me intensamente do ambiente que me cercava: este se me afigurava como se participasse de uma gigantesca dança cósmica. Como físico, eu sabia que a areia, as rochas, a água e o ar a meu redor eram feitos de moléculas e átomos em vibração e que tais moléculas e átomos, por seu turno, consistiam em partículas que interagiam entre si através da criação e destruição de outras partículas. (...) Tudo isso me era familiar em razão de minha pesquisa em Física de alta energia; até aquele momento, porém, tudo isso me chegara apenas através de gráficos,diagramas e teorias matemáticas. Sentado na praia, senti que minhas experiências anteriores adquiriam vida. Assim, ‘vi’ cascatas de energia cósmica, provenientes do espaço exterior, cascatas nas quais, em pulsações rítmicas,partículas eram criadas e destruídas.”



Não sei como andam os últimos estudos e as últimas descobertas em relação à matéria escura e à origem do universo, mas gostaria muito de saber que eles apontam nessa direção. Não é uma teoria, literalmente, muito mais massa do que a noção de que o universo não tem matéria suficiente para uma provável contração, e que, portanto, teria sido criado do mais perfeito nada? Risos.

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