“A gravidade da Terra é bastante forte para atrair de volta uma pedra
atirada para o céu, mas não um foguete com velocidade de escape. E assim
acontece com o universo: se ele contém uma grande quantidade de matéria,a
gravidade exercida por toda essa matéria vai diminuir e deter a expansão. Um universo
em expansão será convertido num universo em colapso. E se não há bastante
matéria, a expansão vai continuar para sempre. O presente inventário de matéria
no universo é insuficiente para diminuir a expansão, mas há razões para pensar
que talvez exista uma grande quantidade de matéria escura que não trai a sua
existência emitindo luz, para a conveniência dos astrônomos. Se o universo em
expansão se revelar apenas temporário, sendo finalmente substituído por um
universo em contração, isso certamente criará a possibilidade de que o universo
passa por um número infinito de expansões e contrações, sendo infinitamente antigo.
Um universo infinitamente antigo não tem necessidade de ser criado.Sempre
esteve ali. Por outro lado, se não há matéria suficiente para reverter a expansão,
isso seria coerente com um universo criado do nada.” _ Bilhões e Bilhões,
Carl Sagan
Já tinha lido, há bastante tempo atrás, algo sobre matéria escura e
sobre a força gravitacional que ela exerceria sobre a matéria visível,e achei
muito interessante e muito pertinente. Sempre achei muito mais fácil conceber
um universo que está num processo constante de expansão e contração,algo que
sempre esteve ali, em criação e destruição constantes. Algo como a dança
cósmica de Shiva, divindade que sempre me interessou e atraiu muito. Não sei
por que esse tipo de concepção de universo parece-me muito mais natural.
Certa vez grifei uma passagem especial logo no início do livro O Tao da
Física, do físico teórico e escritor Fritjof Capra:
“Eu estava sentado na praia, ao cair de uma tarde de verão, e observava
o movimento das ondas, sentindo ao mesmo tempo o ritmo de minha própria
respiração. Nesse momento, subitamente, apercebi-me intensamente do ambiente
que me cercava: este se me afigurava como se participasse de uma gigantesca
dança cósmica. Como físico, eu sabia que a areia, as rochas, a água e o ar a
meu redor eram feitos de moléculas e átomos em vibração e que tais moléculas e
átomos, por seu turno, consistiam em partículas que interagiam entre si através
da criação e destruição de outras partículas. (...) Tudo isso me era familiar
em razão de minha pesquisa em Física de alta energia; até aquele momento,
porém, tudo isso me chegara apenas através de gráficos,diagramas e teorias
matemáticas. Sentado na praia, senti que minhas experiências anteriores
adquiriam vida. Assim, ‘vi’ cascatas de energia cósmica, provenientes do espaço
exterior, cascatas nas quais, em pulsações rítmicas,partículas eram criadas e
destruídas.”
Não sei como andam os últimos estudos e as últimas descobertas em
relação à matéria escura e à origem do universo, mas gostaria muito de saber
que eles apontam nessa direção. Não é uma teoria, literalmente, muito mais
massa do que a noção de que o universo não tem matéria suficiente para uma
provável contração, e que, portanto, teria sido criado do mais perfeito nada? Risos.
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